Contos do Saber
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
quarta-feira, 8 de junho de 2011
A trajetória de Ana Cristina
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A História da Profissão Docente de Flavia Monteiro
quarta-feira, 18 de maio de 2011
A História da Profissão Docente de Isaque Terra
Meu entrevistado foi o professor Isaque Terra da Penha graduado em 2010 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro no curso de licenciatura em Matemática. Como a maioria dos jovens professores, ele começou como estagiário em algumas escolas. Iniciou a carreira docente como estagiário do PROALFA,onde lecionou Matemática para a educação para jovens e adultos (EJA) e crianças de baixa renda. Foi professor de apoio da Escola Parque e do curso pré-vestibular Educarte, onde trabalha até hoje. Em seguida, ingressou como professor de apoio no Colégio Sarah Dawsey, atuando em turmas do 6° ao 9° anos do ensino fundamental.
O processo de escolha da profissão a qual ele mais tarde optaria se deu naturalmente. Primeiro ele percebeu que tinha afinidade com a disciplina que leciona, gostava de estudar e aprender Matemática. Depois descobriu que ensinar era uma das melhores formas de por em prática ou transmitir tudo aquilo que ele tinha aprendido. Foi então que ele decidiu seguir a carreira de professor.
Entretanto, quando Isaque já era estagiário, teve muitas dúvidas se realmente deveria ou não prosseguir estudando para ser professor, já que era de seu conhecimento que a profissão não era bem remunerada e as condições de trabalho eram bastante insatisfatórias. Ele relata que neste período de constantes interrogações, ele pôde descobrir, dentro de sala de aula, o importante papel que ele desempenhava na sociedade, e isso o levou a se sentir valorizado como profissional. Descobriu também que as pessoas podem ser valorizadas pelo que elas fazem, ou melhor, pelo modo como elas fazem e não somente pelos altos salários que elas ganham ou pelos cargos de prestígio que elas ocupam. Segundo suas próprias palavras, ´´ Se você faz bem o seu trabalho, se é competente no que se propôs a fazer, cedo ou tarde você vai ser recompensado´´.
Isaque relata que seu processo de escolarização foi completo no sentido de ele ter feito todo o ensino fundamental em uma escola particular e o ensino médio em escola pública. Ele se considera ter sido um excelente aluno procurando sempre cooperar com os professores e tendo responsabilidade com as suas obrigações como estudante, e essa maturidade o levou, mais tarde, a ter um olhar mais observador sobre as escolas em que passou, chegando à conclusão que a qualidade de ensino tanto na instituição privada quanto na pública não tinha grandes diferenças.
O que o marcou na sua vida escolar foi o empenho e a dedicação de alguns professores que mesmo em situações adversas se preocupavam em levar o melhor que eles podiam para a sala de aula. Neste momento da entrevista, Isaque chega a agradecer de maneira emocionada a esses mestres.
Falando um pouco mais sobre seu método de estudo, ele diz que sofre bastante influência das diversas aulas em que teve a oportunidade de assistir de vários outros professores, tanto do ensino básico como da
Graduação, mas ele quis ressaltar que o que ele considera como a parte crucial de seu método está sendo desenvolvido na prática, onde ele pode moldá-lo de acordo com suas características e, assim, conseguindo se desvencilhar aos poucos do modelo de outros mestres.
Quando eu o interroguei sobre o que ele mais se comovia com sua profissão, ele assim respondeu: ´´Não dizem que todo um bom começo tem um bom professor? Então. Eu acredito nisso. Foi assim comigo e acredito que seja assim com muita gente. Ainda vejo o professor como alguém capaz de proporcionar escolhas melhores aos seus educandos, capaz de transformar um futuro destinado ao fracasso em um futuro de sucesso. Isso me comove. Ser professor é uma arte´´. E foi com essas belas palavras que a entrevista chegou ao fim.
A História da Profissão Docente de Aldemir Batissaco
A idéia de ser professor de história surgiu quando Aldemir criança era filho de um pai politizado. Visto que, este era um barbeiro da praça Sans Peña e tinha uma vida política que ia de encontro para o lado da esquerda, para o Partido Comunista Brasileiro, sendo descendente de imigrantes italianos, que começou a trabalha aos 9 anos como operário. Isso começou a despertar o Aldemir criança que acompanhava com curiosidade e atenção aquelas reuniões muitas das vezes feitas em sua casa, no subúrbio do Rio de Janeiro. Despertando dessa forma o interesses pelas questões sociais.
No primário Aldemir até se dava bem nas matérias de exatas, as chamadas ciências exatas, que em sua opinião é uma pretensão chamá-las assim, porque as ciências estão sempre se reformulando, sempre se atualizando. Contudo, quando entrou no ginásio, teve uma professora de álgebra, que o apelido dela era viúva negra, que escrevia e explicava para o quadro e ninguém entendia nada. Inclusive Aldemir, que passou a repelir e a preferir as matérias das áreas de humanas, que tinha geografia, história, literatura e latim.
Com 15 anos começou a trabalhar numa multinacional chamada Shell, isso começou a sobrecarregá-lo muito, pois trabalhava de manhã e estudava a noite. Chegou até a parar de estudar durante dois anos, mas quando voltou resolveu, no ensino médio optar, enfatizar as matérias chamadas clássicas, que eram as humanas. Então, trabalhando na Shell ainda e estudando a noite, o interesse pela história começou a interessar, visto que era época da ditadura militar, repressão, e a história era vista para os jovens como uma arma, instrumento de luta, contra tudo aquilo que estava sendo implantado no Brasil. Então Aldemir começou a questionar-se onde ele iria fazer história, o fazer história, deveria ser no local onde tivesse menor intervenção militar.
A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) tinha um notório “dedo duro” que se tornou chefe do departamento de história que começou a “limpar” o departamento, tirando os elementos considerados indesejáveis, excelentes professores que de algum modo não concordavam com a ditadura. Esses professores foram demitidos da UFRJ e muitos passaram para UFF (Universidade Federal Fluminense). Então Aldemir começou a entender que queria ser professor de história e fazer história na UFF. E conseguiu. Um ano parado só para estudar para o vestibular, quando viu, só tinha restado dinheiro para a inscrição da UFF, e passou bem colocado. Ele disse que teve sorte ao ter pegado também uma turma boa, que por exemplo um dos alunos era Chico Alencar, deputado atuante. A turma era de 1970, época do auge da repressão, milagre econômico. O que lhe impressionou também foi que muitos professores tinham posicionamentos interessantes e que não se calaram diante da ditadura.
Com três meses de faculdade foi chamado logo para dar aula em um curso de supletivo, o mercado era bom, mas em casa ele já tinha uma turminha de vestibular também. Foi nesse curso que teve a primeira experiência em sala de aula, a primeira aula foi sobre a transição do feudalismo para o capitalismo, ele disse que saiu de alma lavada, pois tinha estudado muito em casa antes de dar aula, achando que tinha dado a melhor aula de todos os tempos. No dia seguinte ao subir as escadas, escutou um aluno dizer que lá vinha aquele professor que ninguém entendia nada do que ele dizia. Essa foi a primeira lição de didática pedagógica, foi uma lição prática para ele sempre ter cuidado com o nível de vocabulário, sempre adequando o vocabulário aos alunos que se está trabalhando. Ele chama delito pedagógico quando em provas utilizam vocabulário muito rebuscado, como por exemplo, falar de catolicismo, como catolicismo estruturalmente sincrético, ou ao invés de falar capitais estrangeiro falar capitais forâneos. Quando se faz uma prova, deve saber dosar o nível de dificuldade das questões, aprendeu isso, em correção de provas e elaboração de concursos.
Um belo dia foi indicado pela direção da faculdade, estava no 5º período da graduação de história, para trabalhar no Centro Educacional de Niterói, como professor ganhando o teto. Teve a felicidade de trabalhar com autonomia, independência intelectual e ideológica, pois trabalhava com uma diretora que era uma fantástica pedagoga. "Ela sempre assegurou essa liberdade, e olha que era o auge do governo Médici em 1972. Então foi com a experiência de trabalhar no Centro Educacional que era uma escola de vanguarda, experimental e construtivista que aprendi a usar a criatividade com autonomia ideológica, que utilizei vários recursos pedagógicos como painés, pesquisa de campo, seminários e simulados que ajudavam o desenvolvimento dos alunos.", diz Aldemir.