quarta-feira, 8 de junho de 2011

A trajetória de Ana Cristina













A nossa personagem de hoje se chama Ana Cristina, professora há quase três anos em uma escola da rede municipal situada no Complexo do Alemão. Ela nos falou sobre sua experiência como docente de português e da sua vivência como discente do curso de licenciatura em Letras Português-Alemão na Uerj.



Ana estudou em um colégio particular de Campo Grande o que hoje chamamos de primeiro ciclo, e afirma que por causa de seu comportamento anti-social, houve um momento em que a direção da escola negou a renovação da sua matrícula, o que motivou seu pais a porem em um colégio de freiras, e é dessa experiência é que guarda a imagem de um objeto marcante à sua trajetória escolar, a régua de madeira que as madres usavam para reprimir o excesso das pupilas, com batidas em suas cabeças.






Diz ter sofrido muito nos primeiros dois anos e que depois disso se retraiu, o que contribuiu para que se tornasse uam criança tímida e retraída; mas no ensino médio isso mudou, quando confrontada a sua nova turma de uma escola pública estadual pode melhorar sua convivência, sendo que abandonou a formação normal quando teve que fazer estágio com as crianças pequenas.



Quando a mesma cogitou em cursar a faculdade pensava em atuar na área de tradução, diz ter feito a licenciatura obrigada, mas que ao longo do curso percebeu que o mercado era muito rstrito, e por influência direta de sua família, que é composta de funcionários públicos, tentou o concuros do magistério do município do Rio de Janeiro, passou antes de estar formada e assim que se graduou começou efetivamente na profissão, se dizendo uma pessoa acomodada, confirmou enfaticamente que ela somente "está" professora, mas já cursa uam segunda faculdade e pretende concorrer a outros cargos públicos.



Como não gosta do que faz, procura agir profissioalmente e tentar tudo o que é possível dentro de turmas compostas por alunos com sérios problemas de defasagem, e afirma que seu posicionamento perante a profissão não é por causa do salário, e implicxitamente em sua fala, quando faz menção a outras professoras, aparece a suposição da "vocação docente".



Segundo ela sua atuação é muito restrita também, por hoje em dia o professor não ter mais autoridade em sala de aual, ela vê um processo de desvalorização social da profissão, além de que muitas vezes precisa se submeter a desmandos violentos de alunos, por isso sua posição é a de tentar levar o aluno problemático "no bico", através do diálogo, assim, busca restringir suas turmas a aquelas de idade máxima 10 ou 11 anos, já que sabe que a partir dessa idade uma construção argumentativa possui bem menos efeito. Ela relata inclusive essa transição na mentalidade das crianças, que quando chegam do primeiro ciclo ainda nos primeiros meses a chamam de tia, mas depois cria se uma espécie de constrangimento pela passagem ao segundo seguimento que vai limitando até a total eliminação esse tipo de atitude.



A entrevistada criticou frimemente o ensino pedagógico da Uerj, que segundo ela aobriga a uma vivência no Cap-Uerj, um colégio que difere bastante do resto da realidade pública brasileira, além do conteúdo das aulas, que também não correspondem a realidade nacional.



Assim, afirma ter aprendido seu método didático na própria sala de aula, onde descobriu pequenas artimanhas na convivência com os alunos, como chamar a atenção ou pedir sîlêncio; além da necessidade de adaptar os conteúdos indicados para o contexto do real nível de acúmulo de conhecimento de seus alunos. Por fim é importante afirmar que o que mais a emociona na profissão é ajudar o aluno que está comprometido verdadeiramente em aprender.



quinta-feira, 19 de maio de 2011

A História da Profissão Docente de Flavia Monteiro

A professora de língua inglesa, Flavia Monteiro Serafim, leciona desde 1997. É formada em bacharelado e licenciatura pela UFRJ desde 1999.

Ela escolheu a profissão desde criança. Sua diversão predileta era brincar de "escolinha"; gostava de reunir um grupo de crianças e dar aulas. Ela sempre gostou muito de estudar, e mesmo quando estava doente, com febre, queria ir para a escola. Sempre teve sede de aprender. O que mais a marcou na trajetória escolar foram os professores dedicados que tratavam os alunos com respeito e amor, ela segue esses bons exemplos desde que começou a dar aulas. O que a deu certeza para a escolha da profissão foi um convite feito para dar aulas de inglês em um curso de línguas voltado para o público infantil e adolescente no final do segundo grau (quando ela já estava no último semestre do curso de línguas que fez por 7 anos). Ela amou a experiência. Ao terminar o segundo grau, prestou vestibular para a faculdade de Letras da UFRJ, onde concluiu em 1999 o curso de bacharelado e licenciatura em Português-Inglês. O método adquirido ao longo do curso de letras, e reforçado com o estágio no Colégio de Aplicação da UFRJ, foi aperfeiçoado na prática.

O que mais a comove em sua profissão é quando consegue ver vidas transformadas através, não apenas do conhecimento facilitado aos alunos, mas também de conselhos seguidos. A confiança e carinho dos alunos a faz vê-los como filhos. E de uma certa forma o professor é pai ou mãe de seus alunos, por ter o papel de educador e orientador.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A História da Profissão Docente de Isaque Terra


Meu entrevistado foi o professor Isaque Terra da Penha graduado em 2010 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro no curso de licenciatura em Matemática. Como a maioria dos jovens professores, ele começou como estagiário em algumas escolas. Iniciou a carreira docente como estagiário do PROALFA,onde lecionou Matemática para a educação para jovens e adultos (EJA) e crianças de baixa renda. Foi professor de apoio da Escola Parque e do curso pré-vestibular Educarte, onde trabalha até hoje. Em seguida, ingressou como professor de apoio no Colégio Sarah Dawsey, atuando em turmas do 6° ao 9° anos do ensino fundamental.

O processo de escolha da profissão a qual ele mais tarde optaria se deu naturalmente. Primeiro ele percebeu que tinha afinidade com a disciplina que leciona, gostava de estudar e aprender Matemática. Depois descobriu que ensinar era uma das melhores formas de por em prática ou transmitir tudo aquilo que ele tinha aprendido. Foi então que ele decidiu seguir a carreira de professor.

Entretanto, quando Isaque já era estagiário, teve muitas dúvidas se realmente deveria ou não prosseguir estudando para ser professor, já que era de seu conhecimento que a profissão não era bem remunerada e as condições de trabalho eram bastante insatisfatórias. Ele relata que neste período de constantes interrogações, ele pôde descobrir, dentro de sala de aula, o importante papel que ele desempenhava na sociedade, e isso o levou a se sentir valorizado como profissional. Descobriu também que as pessoas podem ser valorizadas pelo que elas fazem, ou melhor, pelo modo como elas fazem e não somente pelos altos salários que elas ganham ou pelos cargos de prestígio que elas ocupam. Segundo suas próprias palavras, ´´ Se você faz bem o seu trabalho, se é competente no que se propôs a fazer, cedo ou tarde você vai ser recompensado´´.

Isaque relata que seu processo de escolarização foi completo no sentido de ele ter feito todo o ensino fundamental em uma escola particular e o ensino médio em escola pública. Ele se considera ter sido um excelente aluno procurando sempre cooperar com os professores e tendo responsabilidade com as suas obrigações como estudante, e essa maturidade o levou, mais tarde, a ter um olhar mais observador sobre as escolas em que passou, chegando à conclusão que a qualidade de ensino tanto na instituição privada quanto na pública não tinha grandes diferenças.

O que o marcou na sua vida escolar foi o empenho e a dedicação de alguns professores que mesmo em situações adversas se preocupavam em levar o melhor que eles podiam para a sala de aula. Neste momento da entrevista, Isaque chega a agradecer de maneira emocionada a esses mestres.

Falando um pouco mais sobre seu método de estudo, ele diz que sofre bastante influência das diversas aulas em que teve a oportunidade de assistir de vários outros professores, tanto do ensino básico como da

Graduação, mas ele quis ressaltar que o que ele considera como a parte crucial de seu método está sendo desenvolvido na prática, onde ele pode moldá-lo de acordo com suas características e, assim, conseguindo se desvencilhar aos poucos do modelo de outros mestres.

Quando eu o interroguei sobre o que ele mais se comovia com sua profissão, ele assim respondeu: ´´Não dizem que todo um bom começo tem um bom professor? Então. Eu acredito nisso. Foi assim comigo e acredito que seja assim com muita gente. Ainda vejo o professor como alguém capaz de proporcionar escolhas melhores aos seus educandos, capaz de transformar um futuro destinado ao fracasso em um futuro de sucesso. Isso me comove. Ser professor é uma arte´´. E foi com essas belas palavras que a entrevista chegou ao fim.

A História da Profissão Docente de Aldemir Batissaco


O professor, ao começar respondendo a pergunta chave sobre qual foi a sua história na profissão docente, afirmou que se existisse uma possibilidade de escolha através de uma nova vinda em outra vida, escolheria ser de novo professor de história ou de literatura, que gosta também, porque sua escolha foi verdadeira. Através dessa narrativa busco contar um pouco da história de vida desse professor de história incrível, que foi através do vestibular que pude conhecer e fazer uma bela amizade com este que considero um intelectual incrível!
Obrigada Aldemir!

A idéia de ser professor de história surgiu quando Aldemir criança era filho de um pai politizado. Visto que, este era um barbeiro da praça Sans Peña e tinha uma vida política que ia de encontro para o lado da esquerda, para o Partido Comunista Brasileiro, sendo descendente de imigrantes italianos, que começou a trabalha aos 9 anos como operário. Isso começou a despertar o Aldemir criança que acompanhava com curiosidade e atenção aquelas reuniões muitas das vezes feitas em sua casa, no subúrbio do Rio de Janeiro. Despertando dessa forma o interesses pelas questões sociais.

No primário Aldemir até se dava bem nas matérias de exatas, as chamadas ciências exatas, que em sua opinião é uma pretensão chamá-las assim, porque as ciências estão sempre se reformulando, sempre se atualizando. Contudo, quando entrou no ginásio, teve uma professora de álgebra, que o apelido dela era viúva negra, que escrevia e explicava para o quadro e ninguém entendia nada. Inclusive Aldemir, que passou a repelir e a preferir as matérias das áreas de humanas, que tinha geografia, história, literatura e latim.

Com 15 anos começou a trabalhar numa multinacional chamada Shell, isso começou a sobrecarregá-lo muito, pois trabalhava de manhã e estudava a noite. Chegou até a parar de estudar durante dois anos, mas quando voltou resolveu, no ensino médio optar, enfatizar as matérias chamadas clássicas, que eram as humanas. Então, trabalhando na Shell ainda e estudando a noite, o interesse pela história começou a interessar, visto que era época da ditadura militar, repressão, e a história era vista para os jovens como uma arma, instrumento de luta, contra tudo aquilo que estava sendo implantado no Brasil. Então Aldemir começou a questionar-se onde ele iria fazer história, o fazer história, deveria ser no local onde tivesse menor intervenção militar.

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) tinha um notório “dedo duro” que se tornou chefe do departamento de história que começou a “limpar” o departamento, tirando os elementos considerados indesejáveis, excelentes professores que de algum modo não concordavam com a ditadura. Esses professores foram demitidos da UFRJ e muitos passaram para UFF (Universidade Federal Fluminense). Então Aldemir começou a entender que queria ser professor de história e fazer história na UFF. E conseguiu. Um ano parado só para estudar para o vestibular, quando viu, só tinha restado dinheiro para a inscrição da UFF, e passou bem colocado. Ele disse que teve sorte ao ter pegado também uma turma boa, que por exemplo um dos alunos era Chico Alencar, deputado atuante. A turma era de 1970, época do auge da repressão, milagre econômico. O que lhe impressionou também foi que muitos professores tinham posicionamentos interessantes e que não se calaram diante da ditadura.

Com três meses de faculdade foi chamado logo para dar aula em um curso de supletivo, o mercado era bom, mas em casa ele já tinha uma turminha de vestibular também. Foi nesse curso que teve a primeira experiência em sala de aula, a primeira aula foi sobre a transição do feudalismo para o capitalismo, ele disse que saiu de alma lavada, pois tinha estudado muito em casa antes de dar aula, achando que tinha dado a melhor aula de todos os tempos. No dia seguinte ao subir as escadas, escutou um aluno dizer que lá vinha aquele professor que ninguém entendia nada do que ele dizia. Essa foi a primeira lição de didática pedagógica, foi uma lição prática para ele sempre ter cuidado com o nível de vocabulário, sempre adequando o vocabulário aos alunos que se está trabalhando. Ele chama delito pedagógico quando em provas utilizam vocabulário muito rebuscado, como por exemplo, falar de catolicismo, como catolicismo estruturalmente sincrético, ou ao invés de falar capitais estrangeiro falar capitais forâneos. Quando se faz uma prova, deve saber dosar o nível de dificuldade das questões, aprendeu isso, em correção de provas e elaboração de concursos.

Um belo dia foi indicado pela direção da faculdade, estava no 5º período da graduação de história, para trabalhar no Centro Educacional de Niterói, como professor ganhando o teto. Teve a felicidade de trabalhar com autonomia, independência intelectual e ideológica, pois trabalhava com uma diretora que era uma fantástica pedagoga. "Ela sempre assegurou essa liberdade, e olha que era o auge do governo Médici em 1972. Então foi com a experiência de trabalhar no Centro Educacional que era uma escola de vanguarda, experimental e construtivista que aprendi a usar a criatividade com autonomia ideológica, que utilizei vários recursos pedagógicos como painés, pesquisa de campo, seminários e simulados que ajudavam o desenvolvimento dos alunos.", diz Aldemir.

Teve como experiência, também, 11 anos no ensino superior na Faculdade de Humanidades do Pedro II, em São Cristóvão, como professor de história no período da noite. Devido a problemas financeiros da instituição pediu pra sair. O colégio que ele diz ter amado mais em sua vida foi o Pedro II, pois ele estudou um período lá e passou no concurso para ser professor de história. No qual, trabalhou 20 anos e se aposentou. O modelo de escola do Pedro II era ainda tradicional, contudo com as experiências tidas no Centro Educacional buscou ir modificando algumas linhas pedagógicas, sendo um desafio. Foi no ano 1980 que passou no concurso. O Pedro II valoriza o seu passado, pois ele é desde 1837. Foi um colégio de formação de grandes intelectuais brasileiros como Machado de Assis.


Hoje em dia ele tem se dedicado a divulgação de seu livro, O Guia Prático de História, que é um manual de complementação didática, a fim de facilitar a vida do estudante. Tem trabalhado muito com projetos em Power Point, os títulos das apresentações são: Uma viagem na História do Brasil com parada na estação república, História Geral -breve séculoXX- e África, um novo horizonte, afim de enfatizar que a África possui uma história.


Para finalizar, disse que o estudante de história deve ser curioso, tendo sensibilidade em destacar as questões mais relevantes em uma sociedade.












Aldemir Maia Batissaco, casado com Fernanda Batissaco, formado pela UFF, foi professor coordenador do Colégio Pedro II, no Rio de janeiro; professor e coordenador de História no Centro Educacional de Niterói; professor de História do Ensino Médio do Estado do Rio de Janeiro; professor adjunto de História Econômica Geral e do Brasil e História Moderna e Contemporânea da faculdade de Humanidades Pedro II, no Rio de Janeiro, tendo participado de bancas de elaboração e correção de provas no Colégio Pedro II, na UNIRIO, na Fundação Cesgranrio e na UFFRJ.